Vocação Shalom

Vocacionados à Esponsalidade

“Pois o senhor se agradou muito de ti e tua terra há de ter o teu esposo
como um jovem que desposa a bem-amada teu construtor assim também vai desposar-te
como a esposa é a alegria do marido, serás assim a alegria do teu Deus”
(Is 62,4-5)

Toda vocação tem seu essencial: desde sua história aos seus elementos, e isso deve ser conhecido, vivido e celebrado. por exemplo, uma das primeiras coisas que aprendemos quando chegamos à comunidade shalom é que jesus é esposo das nossas almas, que esta experiência não se aplica somente aos celibatários, mas que todos, até as crianças são desposadas por jesus. isso é algo essencial para nós, marca a nossa história, dá ritmo à nossa vida e é celebrado do despertar ao recolher-se. das laudes às completas tudo gira em torno de jesus esposo: oração, convivência, serviço, etc.

Então é bastante corrente nos nossos lábios que somos almas esposas de jesus, quando rezamos, partilhamos e anunciamos. o que de imediato talvez pareça uma grande presunção, no fundo esconde, ou melhor, revela a surpreendente sabedoria da misericórdia de deus: “(...) resolveu escolher as mais pecadoras, as mais fracas, os vasos de argila, para aí realizar sua grande obra.” (escrito amor esponsal 05). é exatamente isso que celebramos a cada dia, desde a nossa fundação e testemunhamos que “tua promessa, supera tua fama”! (sl 138,2)

Recentemente comemoraremos 29 anos (corrigido)  como vocação Shalom, e a cada ano não celebramos apenas uma data, mas o esposo, fora de quem nada podemos ser ou fazer, de quem somos os ramos, o corpo místico, o rebanho, a vinha, os filhos. ele é o essencial! celebramos o esposo que ao longo da historia, vem como a gazela dos cantares, saltitando pelas gerações fazendo discípulos, servos, amigos, esposas e que também nas fases da nossa historia marca com suas pegadas o feliz caminho estreito que vai dar no seu reino.

Celebramos o esposo que falou a um jovem, depois a outro e a muitos outros, até que muitos até hoje façam suas núpcias com a misericórdia. este mesmo esposo que tocou mais de uma vez, que mais de uma vez também visitou, falou, inspirou, corrigiu, educou, provou os que nada sabiam nem entendiam, os que nada pretendiam a não ser viver o evangelho porque preferiam o céu à terra. a este esposo que esperou, formou e confiou, a ele a glória!

Celebramos o esposo que permaneceu conosco mesmo quando foi lenta a nossa adesão, frágil a nossa vontade, pequena a nossa força e nenhuma a nossa santidade. celebramos o esposo que se manteve fiel desde o frescor do primeiro encontro, no escaldante suor da oferta, na dormência do nosso coração quando a frieza quis deter a entrega, na palidez da nossa vontade quando a prova ameaçou a generosidade e na angustia de uma noite demorada... a este esposo, de todas as fases e estações, graças!

Celebramos a vida esponsal que existe no carisma shalom com cristo esposo, na alegria da conversão, na tristeza de não sermos santos, na saúde da contemplação, na doença da infidelidade, enfim, esse matrimonio, onde da parte do esposo a aliança é perfeita e da nossa, o compromisso é falível tantas e tantas vezes.

Celebramos também os “filhos” dessa união entre nós e o senhor, os grupos de oração, os cursos, os eventos, o engajamento, o serviço, a cura, o anuncio, a conversão. celebramos a gestação de uma nova geração de filhos de deus que tem vida de oração, que vão à missa, que lêem e crêem na palavra, que não tem vergonha da igreja nem do evangelho, que amam e obedecem ao papa e ao magistério, que gastam vida, tempo e talentos na construção do reino, convencidos de deus este vale infinitamente mais do que este mundo passageiro com suas fantasias. celebramos estes muitos “filhos” porque a fecundidade do esposo supera nossa esterilidade.

Ao longo destes 29 anos (corrigido) celebramos, também com o esposo, os prantos transformados em festa, a cruz transformada em leito porque lá está ele. quantas lágrimas, quanta perplexidade diante da providencia jamais suspeitada, tão abundante que jamais caberiam em palavras, por mais ação de graças que se faça! celebramos o “sim” que aprova, o “não” que educa, a abundancia que alegra, a penúria que forma, enfim, celebramos a vida a dois com o esposo cristo, a incomparável herança de tantos “tomés” que continuam sendo desposados.

E você? tem a quem celebrar para sempre?

por Meyr Andrade Assistência de formação Shalom


_______________________________________________________________
Uma missão pela paz - O POVO Online - 22/02/11

Não dá para falar na história do Shalom sem contar a história do Moysés. E o contrário também vale. É indissociável. A biografia de Moysés Azevedo tem como principal marco a fundação do movimento Shalom, comunidade da renovação carismática da Igreja Católica. Não dá para falar na história do Shalom sem contar a história do Moysés. E o contrário também vale. É indissociável. A biografia de Moysés Azevedo tem como principal marco a fundação do movimento Shalom, comunidade da renovação carismática da Igreja Católica. Mas não é só isso – e isso já é muito.___________________________________________________________


O fundador do Shalom começou evangelizando em lanchonete. Era um caminho até os jovens. Hoje, são milhares de missionários





Moysés é o único homem dos filhos. Foi dos mais esperados, desejados e queridos. A mãe queria muito um menino. Mas veio logo uma menina. Assim como a segunda. Seguida da terceira, da quarta e da quinta. A mãe rezava, pedia a São Francisco e, em troca, o faria padre. Até que o sexto filho foi Moysés.

Mas de igreja, de missa, de padre, ele nem queria saber. Foi um encontro de jovens que mudou a vida do adolescente de 15 anos. Sentiu-se tocado pela graça divina. Sentiu a experiência do amor de Deus, como ele repete. E a partir daí, quis dar de graça o que de graça recebeu – como também enfatizou várias vezes na nossa conversa.

Conversa em que fala dos trabalhos do Shalom, da dedicação dos missionários, da servidão à Igreja. Moysés, a propósito, se admite um apaixonado pela Igreja e pelos princípios da instituição, apesar dos desafios, dos pecados. Cita o respeito à vida ao atacar o aborto; lista o amor ao defender o celibato. Ele, celibatário que não quis ser padre, acredita que a descoberta do amor divino é capaz de transformar a vida de qualquer um. Assim como aconteceu com ele.

O POVO - Como foi o início da sua vida na igreja?

Moysés Azevedo - Eu nasci numa família tradicionalmente católica. Quando meus pais se casaram, minha mãe queria muito um filho homem. E ela dizia que o consagraria a Deus. Nasceram cinco meninas. Com ela aos 44 anos, finalmente eu nasci. As mais velhas já estavam casando. Fui praticamente criado com os meus sobrinhos. Quando eu era adolescente, eu não gostava dessa história, porque as amigas da minha mãe diziam: “Cadê o meninozinho que vai ser padre?”. Eu não queria ser padre.


OP - Você estudava onde?

Moysés - No Cearense, o Marista. E quando tinha 15 anos, uma amiga me convidou pra participar de um encontro de jovens da Arquidiocese de Fortaleza. E eu: “Tô fora”. Não me atraía. Para mim, naquele tempo, Deus era uma coisa distante, tradicional. Ela insistia. Pra mim, a igreja não era um lugar pra jovem. Fim de semana pra mim era festa, diversão. Mas aquele fim de semana mudou a minha vida.

OP - Por quê?

Moysés - Porque, pela primeira vez, eu tive uma experiência pessoal e forte com a pessoa de Jesus Cristo. Pra mim, Deus era uma ideia. Jesus Cristo era um cara legal. Mas, naquele encontro, eu pude experimentar que Deus é vivo, é uma pessoa real e que tocou a minha vida. Eu descobri que Deus me amava, de uma maneira muito pessoal, única e que ele podia encher de sentido a minha vida. E essa descoberta mudou a minha vida, meus valores, meu modo de pensar, de agir.


OP - E você parou de ir às festas?

Moysés - (risos) Não, mas passei a vivê-las de forma diferente. Continuei um jovem igual aos outros, mas eu não buscava a felicidade no álcool; não buscava a felicidade simplesmente numa pessoa, achando que ela ia me fazer feliz e pronto. Eu não buscava mais a felicidade numa sexualidade desordenada, que me dava um momento de prazer, mas que não traria paz no coração. Eu descobri que a paz é uma pessoa viva, Jesus Cristo.


OP - Mas você não quis ser padre.

Moysés - Não. Eu quis, sim, dar de graça o que de graça o que eu recebi. Descobri um amor maior, um amor divino. Se o amor humano é capaz de transformar a vida de uma pessoa, imagina o amor divino, que ultrapassa todos os sentidos de entendimento. Não podemos ficar com isso só pra nós.


OP - E onde é que a renovação carismática se diferencia aí?

Moysés - Eu não diria a renovação carismática, mas a igreja como um todo. E estamos falando do Shalom, como comunidade. Eu não sei onde ele se diferencia, eu sei quais são as nossas propostas. Quando eu comecei a me engajar no movimento de jovens da Arquidiocese, comecei a frequentar os grupos de jovens, que eu até então desconhecia.


OP - Igreja era só pra velho, né?

Moysés - Igreja, pra mim, era só pra gente velha, careta, que não dizia nada pra mim. E eu comecei a descobrir a igreja de uma face diferente, com um rosto jovem. Eu não posso ficar com essa experiência só pra mim.


OP - Mas você não sabia como.

Moysés - Mas eu não sabia como fazer isso. Exatamente. Havia grupos de jovens, a gente fazia uns encontros, mas como ir ao encontro daqueles jovens, como falar de Deus, da verdade, de Jesus Cristo, do amor? Foi quando, em 1980, o papa João Paulo II veio ao Brasil. E veio encerrar o Congresso Eucarístico Nacional em Fortaleza. E na época, dom Aloísio Lorscheider, cardeal arcebispo de Fortaleza, me disse para, em nome dos jovens, dar um presente ao papa. Fiquei muito feliz, honrado e me pus em oração. “Vou ofertar a minha vida e a minha juventude para evangelizar”. Fiz uma carta, uma espécie de compromisso. Chegou o dia, 9 de julho de 1980. Na missa, na hora do ofertório, eu entregaria a minha carta ao papa. Como eu estava na comissão de organização, trabalhando, eu já tinha visto algumas vezes o papa passando ali. Tudo normal. Mas quando eu estava na fila, chegou a minha vez e estava ali o papa João Paulo II. Nem sei mais o que foi que aconteceu. (risos)


OP - Do que você se lembra?

Moysés - Eu não conseguia nem falar. Fui andando, me ajoelhei diante dele e entreguei a carta. Eu não disse nada. Duas coisas ficaram muito fortes: o olhar do papa, eram uns olhos que procuro um azul igual àquele e não encontro. E como ele gostava de fazer, me tocou o rosto, me aproximou dele e, a segunda coisa que eu nunca vou esquecer, me abençoou. Esse olhar do papa João Paulo II e a mão dele sobre a minha cabeça é algo que eu percebi que tinha recebido uma graça e uma graça que eu não sabia o que era. E eu percebi que não era só – não era só, mas já era muito – João Paulo II que me olhava, que me abraçava e que me abençoava. Era Cristo também, era a igreja também.


OP - E a construção do Shalom?

Moysés - Eu só percebi que tinha recebido uma graça. Não identifiquei qual. Continuei rezando e começou a vir uma inspiração. Via que o jovem que estava distante, que não estava na igreja, não aceita convite de ir à missa, mas come um lanche. E daí, a inspiração: por que não fazer uma lanchonete pra evangelizar? Os jovens entrariam ali e nós poderíamos testemunhar, conversar, um diálogo franco, aberto e testemunhar aquilo que aconteceu na nossa vida. Aí, a gente montou uma lanchonete. Apresentávamos logo o cardápio e os sanduíches, as pizzas tinham os nomes bíblicos. As pessoas perguntavam: ‘O que é ágape?’. É o amor de Deus. Então, era um início de um diálogo respeitoso.


OP - Você imaginou que se transformaria nesse movimento?

Moysés - Jamais. Nunca pensei em fundar nada. Na frente, era uma lanchonete. Atrás, tinha uma capelinha com o Santíssimo Sacramento exposto em adoração.

OP - Como era sua relação com dom Aloísio?

Moysés - Muito boa. Dom Aloísio foi um pai pra nós, me acolheu como um jovem que queria servir a Cristo e à igreja. E acreditou no nascimento da obra Shalom, que era uma coisa muito diferente, nós éramos leigos, não tínhamos padres. Hoje, nós temos padres na comunidade, famílias, consagrados.


OP - O movimento ordena padre?

Moysés - Hoje, o movimento tem um reconhecimento pontifício da Santa Sé, com o papa Bento XV, em 2007. Já teve o reconhecimento diocesano, quando dom Cláudio era arcebispo de Fortaleza. Somos a primeira comunidade no Brasil que recebeu o reconhecimento pontifício. Temos sacerdotes formados na comunidade, mas são ordenados pelo arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio, que é também um pai para nós. Estão a serviço da missão da comunidade.


OP - A igreja católica não tem perdido fiéis?

Moysés - Houve esse período. Nos anos 70, nos anos 80, no começo dos anos 90, houve um pouco essa defasagem. Hoje, ao contrário, com os novos movimentos, os movimentos eclesiais, a renovação carismática, o neocatecumenal, Focolare, as novas comunidades, como Shalom, Canção Nova, esses movimentos são respostas do espírito para os desafios do tempo de hoje. Não é só simplesmente perder fiéis, o que existe no mundo de hoje é um grande desafio até de indiferença religiosa. As pessoas creem em Deus, mas vivem como se ele não existisse.

OP - Não é o medo do desapego?

Moysés - Eu não acredito que é o medo do compromisso. É a falta da experiência do amor de Deus. Quando nós nascemos, nós recebemos o batismo na Igreja Católica. Depois, fizemos a primeira comunhão. Acabou-se. A gente estuda matemática, física, química, biologia, história. No campo humano, a gente desenvolve. Mas no campo da fé, a gente fica com a fé de uma criança de 10 anos.

OP - Mas a renovação carismática não mostrou a igreja de uma outra forma?


Moysés - Também. É um carisma. A comunidade Shalom tem um carisma.


OP - E o que é o carisma?

Moysés - É um dom de Deus, dom do Espírito Santo, que derrama sobre pessoas na igreja para atualizar o evangelho, para renovar a igreja.


OP - A liturgia é a mesma, mas as músicas são mais animadas. Isso não vai no sentido contrário?

Moysés - É uma renovação. Pra que existem os cantos? A celebração é viva, onde Deus está presente. A missa não é um espetáculo, não é um show aonde a gente vai se divertir. Os cantos precisam ser atualizados pra cultura de onde nós estamos.


OP - Mas as pessoas comentam que, nos arredores do Shalom, o barulho é grande.

Moysés - Isso é verdade.


OP - Não há exagero?

Moysés - No Shalom, seguimos todas aquelas prescrições da lei da poluição sonora. Claro que a gente pode melhorar. O ambiente é aberto, ressoa um pouco, mas tem a seriedade da nossa parte de não sair do horário. Por exemplo, o Halleluya, a gente fazia no Parque do Cocó, a gente sabia que incomodava aquelas pessoas por ali. A gente foi pro CEU (Condomínio Espiritual Uirapuru). Nós queremos aproximar as pessoas da igreja, não afastar.


OP - E o público do Shalom? É muito mais classe A e B?


Moysés - Se você for a uma missa de quinta-feira (a missa de cura), quero que você me responda isso. A nossa rádio atinge um público enorme. No Halleluya, tem gente de todo tipo, todos os lugares.


OP - O que impediu você, então, de ser padre?


Moysés - Tem uma passagem do Evangelho que João Batista diz “Ninguém pode se atribuir a algo que não recebeu do céu”. Deus não me chamou a ser padre. Deus me chamou a consagrar. Eu sou celibatário. Namorei, noivei, senti o chamado de Deus.

OP - Mas ter uma família não impediria de você fazer isso.

Moysés - Não e sim. Não impediria de se dedicar. E sim, da forma como eu me dedico. O celibato, que muitas vezes é tão questionado por aí, é um dom. Eu sou celibatário e nem sou padre. O sacramento do matrimônio é um grande dom. Mas existe um outro dom, que é o celibato que o mundo não entende.


OP - E como a igreja explica?

Moysés - A sexualidade é um dom de Deus que nos dá, a capacidade de amar. O celibatário é alguém que reúne toda essa sua capacidade de amar e oferta essa capacidade de amar a Deus. E essa comunhão de amor se transforma em uma fecundidade explosiva em favor dos outros e da humanidade. O celibatário se une a Deus de uma forma espiritual e Deus se une a ele.


OP - Você não acha que a igreja poderia rever alguns princípios?

Moysés - Eu sou um homem que acredita na vida, que a vida é capaz, mesmo nas situações mais difíceis e dolorosas, de renovar. Eu sou um apaixonado pela igreja. Onde há os que sofrem e não têm como se defender, a igreja levanta sua voz pra defender.


OP - Você fala do aborto?

Moysés - Também, também. Por exemplo, uma criança que já foi concebida, que é uma vida, quem vai dizer por ela? Ela tem direito de viver. A igreja é a voz de quem não tem voz. Rever esses pensamentos seria rever a sua própria natureza.

OP - Como é a sua relação com outras igrejas?

Moysés - De respeito. Minha posição é a posição da igreja. Em relação aos nossos irmãos protestantes, temos a relação do ecumenismo, do diálogo, ver aquilo que nos une, em vez de ver aquilo que nos separa. Já passou o tempo dos conflitos, agora é o tempo da comunhão.

OP - Como o Shalom se mantém?

Moysés - Quando um projeto é de Deus, Deus cuida. Temos que trabalhar. As pessoas são generosas e partilham. Fazem suas ofertas, suas partilhas. Através dos nossos benfeitores, nossa comunidade se mantém.


OP - Como o Shalom observa a política?

Moysés - É um lugar onde se deve viver o Evangelho e a caridade de Cristo. A caridade é o amor atuante. É dever dos fiéis leigos participar da vida política. A sociedade tem razão de reclamar, mas não de se omitir.


OP - Tem quem use o movimento para se eleger?

Moysés - Pode existir. Por isso, temos que estar muito atentos. Temos que ajudar a formar a consciência de todos os membros do movimento. Outro papel é formar lideranças cristãs que possam atuar na vida pública. Ninguém vai lançar candidato... Nosso papel não é apresentar “esse é o ungido, o candidato do Shalom”.


OP - Vocês são procurados nas eleições?

Moysés - Sem dúvida.


OP - E qual é a reação?

Moysés - Dizer que o movimento não apoia oficialmente ninguém. Oferecer dinheiro, nunca recebi proposta. Acho que ninguém tem coragem. Pedem apoio. Não estou dizendo que são pessoas desonestas. Mas nossa posição é de formar, educar e de gerar. Na hora que você toma partido, você divide.


OP - Por que o Shalom deu certo?

Moysés - Porque não é uma obra humana, é uma obra de Deus. O Moysés passa. Mas essa obra, como é de Deus, não passará.


OP - E qual é o desafio de hoje?

Moysés - Às vezes, a gente quer transformar o mundo. E precisa. Mas só há um caminho: mudando o coração do homem. Se a gente muda, constrói, transforma o coração do homem, a gente muda o mundo. Acho que é essa a nossa missão.PerfilMoysés Louro de Azevedo Filho tem 51 anos. Nasceu em Fortaleza. É fundador e moderador-geral da Comunidade Católica Shalom, que foi criada em 1982. O movimento está hoje no Brasil inteiro e em 15 países. Surgiu com uma lanchonete na Aldeota, onde hoje funciona o Shalom da Paz. Em 2007, a comunidade recebeu o reconhecimento pontifício da Santa Sé, pelo papa Bento XVI. Moysés é consultor do Pontifício Conselho para os Leigos, também nomeado pelo papa Bento XVI. Começou a estudar Geologia, mas deixou dois anos depois. Quis cuidar do sofrimento humano e se formou em Fisioterapia. Mas não exerce. Não quis ser padre - contrariando o desejo inicial da mãe. Celibatário, mora na comunidade e dedica o tempo totalmente à evangelização e aos trabalhos do Shalom. De línguas estrangeiras, fala italiano, espanhol, um pouco de francês e de inglês.3 milMEMBROSFazem parte da Comunidade de Aliança do movimento Shalom40 milPESSOASSão ligados ao movimento de alguma outra forma

Daniela Nogueira
danielanogueira@opovo.com.br


Fonte:http://www.opovo.com.br/app/opovo/paginasazuis/2011/02/14/noticiapaginasazuisjornal,2102107/uma-missao-pela-paz.shtml


Shalom: uma vocação universal

Os tempos eram desafiantes. Éramos poucos, mas muitos não acatavam a autoridade espiritual do Moysés. Devia ser lá pelo ano de 1983, ano em que Deus aproveitou-se da situação para sinalizar ao fundador que era tempo de escrever o que Ele mesmo havia colocado em seu coração. O tempo cronos trazia a dor do desafio. O tempo kayrós escondia uma grande graça, da qual usufruímos até hoje e usufruiremos sempre, como é próprio de um kayrós. Era o hoje de Deus produzindo, ao Seu modo, os nossos tão queridos e ricos Escritos.
Bendito kayrós! Benditos todos estes kayrós disfarçados em tempos difíceis! Sua aparência é desagradável, sua experiência traz dor, sua vivência ameaça nossas seguranças, mas seus frutos são os melhores. Melhores mesmo que os kayrós muito explícitos que nos fazem correr o risco de achar que chegamos a algum lugar.
 Pois bem, no primeiro destes kayrós de luz disfarçados de paixão em nossa história, o Moysés, em conversa informal com alguns, disse: “O Shalom não é só para nós. É universal”.
 Em minha pouca fé e bem cumprindo minha missão de co-fundadora, embora, naturalmente, de forma inconsciente, retruquei: “Você quer dizer que é uma vocação universal no sentido de que atinge o homem inteiro: sua vida, sua família, sua cultura, a sociedade, a mentalidade...”
 “Não, quer dizer, isso também, mas o que eu quis dizer, mesmo, é que a vocação que Deus nos deu é para todo o homem e todos os homens em qualquer lugar do mundo”. (Naquele tempo, não sabíamos distinguircarisma de vocação, aliás, nem sabíamos direito o que era um carisma, por isso, usávamos a palavra vocação,indistintamente).
 Com esta simplicidade, em uma partilha informal, começaram a ficar claros para nós alguns conceitos fundamentais:
1. O carisma que Deus nos deu é autêntico. É, realmente, uma profecia para a Igreja hoje. É, de fato, uma manifestação de Jesus Cristo para a Igreja, para o mundo, para o coração ressequido do homem de hoje.
2. O homem, onde quer que esteja, independentemente de viver nesta ou naquela cultura, busca e tem sede do Shalom do Pai, deste Novo Poço de Jacó, cuja experiência vai libertá-lo, fazê-lo santo e, consequentemente, feliz.
3. Nossa vocação é, portanto, missionária. É uma exigência de nossa identidade sair e anunciar, ultrapassar muros, oceanos, continentes, culturas, preconceitos, indiferenças, em missões não só geográficas, mas também no interior da alma do homem.
Dentre as muitas graças e manifestações de Deus para nós neste tempo, o aspecto da universalidade viria a ser trabalhado aos poucos por Ele, aguardando o tempo oportuno. Alguns anos depois, faríamos rápidas missões de socorro aos flagelados pelas secas no interior do Ceará e veríamos, surpresos, com que alegria as pessoas, ainda que muito sofridas, acolhiam o Shalom que levávamos através do anúncio e  da vida. Vieram, também, os diversos convites para pregações fora do Estado, sempre com a mesma acolhida. Sim, Deus nos havia dado algo novo e universal!
Seguiu-se a primeira fundação, em Quixadá, as missões no Brasil e, quando Deus nos julgou preparados, as missões no exterior, precedidas de algumas peregrinações de membros da comunidade que “pisaram no solo” da Europa conquistando-o para o Carisma e diversas viagens do Moysés e minhas em divina e misteriosa preparação para o que Ele queria de nós. Itália, França, Austrália, Malásia, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Israel. Nenhuma destas viagens missionárias foi aleatória. Nada foi alheio ao plano perfeito de Deus que nos criou para todos os homens e o homem todo. Sem saber como, fomos até lá para abrir caminhos para o Carisma e a Vocação e ouvir ordens explícitas de Deus, como “Quero que evangelizem a China”, ou “O mundo esqueceu-se da África. Evangelizem a África”.
Durante nove anos seguidos, Moysés e eu participamos de reuniões na Europa e no México de 3 a 6 dias, por vezes desafiantes, com a presença de quatro continentes diferentes e pelo menos quatro línguas faladas ao mesmo tempo. Testemunhávamos, incansavelmente, o Carisma. Partilhávamos nossa experiência comunitária, orávamos pelas pessoas das reuniões que nos buscavam porque, segundo diziam, viam em nós algo diferente. Era Deus a preparar os caminhos para o Carisma. Preparava-o também através das inúmeras visitas de irmãos europeus e americanos do norte e do sul. Suas reações ao que viam eram voz de Deus ao nosso coração: “Sim, o carisma é universal! Vão em frente!”
As primeiras vocações internacionais foram uma surpreendente alegria. Com o Dominique, Fabiana, Nicola, Alexandro, Rita, Furio, Federica, Ana Paola, hoje na comunidade, e outros vocacionados que se ajuntam a cada ano, vemos a força do carisma, apesar de todos os nossos inúmeros limites, e sua universalidade.
Deus, realmente, realiza uma obra nova na face da terra, forma um povo novo, chamado de todos os continentes, raças e nações, um povo que Ele mesmo reúne e forma para a Sua glória. Povo chamado a ser imagem do Shalom do Pai em todos os continentes. Nossa amada vocação é universal.
Lembro-me do olhar brilhante do Xu, chinês a quem tentei explicar a vocação e do entusiasmo do bispo de Madagascar; do Pe. Inocent, do Congo; do senhor da Noruega, meu colega de italiano. Sim, nossa vocação é universal.
Hoje, estamos vivendo a alegria de uma nova missão, de um novo aspecto da universalidade do Carisma e da Vocação, com o convite ao Moysés para participar do Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia. A cada dia aprendemos com a nossa história os detalhes que Deus guardava em seu coração quando inspirava ao Moysés aquela primeira partilha informal. Somos uma vocação universal porque todo homem precisa do Shalom do Pai, porque toda nação e cultura precisam do Shalom do Pai. Como bem diz o Moysés, anseiam por Ele sem o saber. Agora, também a Igreja como instituição convida a Igreja como carisma para partilhar consigo o que significa o Shalom do Pai na Eucaristia. Como aquele primeiro Bispo que nos convidou – D Adélio Tomasin – o Santo Padre crê que temos algo a contribuir para a Igreja também com relação à Eucaristia e isso antes mesmo do reconhecimento pontifício. Nossa vocação é universal!
O que virá depois? Tenho cá minhas impressões, mas vou deixar vocês curiosos. Afinal, o universo da cultura, da ciência, da filosofia, das ciências humanas, da tecnologia, do conhecimento, da mídia, da educação, da economia, nos espera. Além de todos estes universos vastíssimos, espera-nos o universo interior de cada homem ansioso pela experiência com o Ressuscitado que passou pela cruz. Esperam-nos, também, a África e Ásia, mas não por muito tempo. Aguardam-nos a Oceania e os países nórdicos.
Um dia, as gerações futuras vão, talvez, reler este texto e dizer: “Será que era isso que a gente está vivendo o que a Emmir imaginava ao escrever aquele texto?” Lá do céu, cutucando o Moysés, junto com os outros que lá estarão, responderemos em coro e com a alegria própria de nossa identidade: “Que nada! Deus superou em muito todas as nossas expectativas. E, presta atenção, galerinha, porque Deus tem ainda mais, muito mais”.





_______________________________________________________________________________
Carisma de fundação das Novas Comunidades - Moysés Azevedo - Fundador da Comunidade Católica Shalom, no 12º Congresso Mundial das Novas Comunidades

Como padre Jonas estava nos dizendo na sua pregação, nós vivemos num mundo paganizado isso não deve nos assustar, mas sim fazer com que demos uma resposta diferente a Cristo. 

Nós estamos vivendo as “dores de parto” de uma nova época. Olhamos o mundo no final do século XX marcado pelas dores da humanidade, e estamos iniciando um novo século com dores e feridas. São “dores de parto” porque nasce um novo tempo. Não nos assustemos, mas respondamos com ousadia a essas dificuldades. O Espírito Santo interviu na Igreja e começou a dar um novo vigor a Igreja, uma “nova primavera”, como disse João Paulo II, surgindo assim os novos Movimentos Eclesiais, as Novas Comunidades.

Nas nossas Comunidades, não pelos nossos méritos, Deus começou a dar uma inspiração nova para darmos uma resposta com ousadia aos desafios dos tempos de hoje. 

Nesse tempo em que a humanidade geme e sofre devemos ser esse sinal luminoso da beleza de Cristo. Onde impera o desamor, Deus fez e faz brotar carismas novos, as Novas Comunidades. 
De onde vem a vida e a força das Novas Comunidades? É o Espírito Santo que dá essa força através do carisma de fundação das Novas Comunidades.

O que é um carisma de fundação? É aquele carisma que fez nascer, que deu origem à comunidade. E como ele se manifesta? É um dom de Deus, não é dá carne, é Deus quem dá a quem Ele quer de acordo com a necessidade que a Igreja tem para cada tempo.

Fundador é um dom, uma graça. É Deus que se revela a uma pessoa e ela vai encarnando na vida essa experiência de Deus, esse seguimento a pessoa de Jesus. A maneira com que ele vive essa experiência vai atraindo outras pessoas.Carisma originário é isso, uma forma particular de viver o evangelho que vai gerando um estilo de vida, que trás uma característica diferente, uma forma particular de serviço em favor da Igreja e da humanidade.

Carisma é novidade, tem sempre uma forma nova, pois Deus não repete. O carisma de cada comunidade é diverso, pois Deus é criativo, faz tudo novo. Essa novidade gera afinidade espiritual e gera a comunidade. 
Nosso Deus é concreto, real, apesar dos nossos limites Deus vai revelando o carisma de fundação. A maioria dos fundadores nunca pensaram em ser fundador, “eu nunca pensei em ser fundador”. Fundador não nasce em gabinete, ele é gerado por Deus. Somos envolvidos por Deus que vai se revelando e pouco a pouco vai gerando fecundidade, paternidade espiritual, como disse João Paulo II.

O fundador é aquele que inicia dando a sua vida. Quanto mais o fundador e os primeiros dão a sua vida como o mistério da cruz, o carisma vai transbordando e gerando uma família espiritual que vai sendo impulsionado para a missão. Uma Nova Comunidade não existe para si mesma, é gerada por Deus para ir em busca desses jovens que estão feridos, de um povo ferido que desconhece a alegria da vida, que desconhece Jesus Cristo, por isso Deus gera as Comunidades para a missão. 
Uma das características das Novas Comunidades estarem inseridas na Igreja.

É para isso que fomos visitados, é para isso que nascem comunidades no mundo inteiro, há um propósito divino para as Novas Comunidades, através delas os homens podem fazer um caminho com Cristo que faz gerar famílias novas. É belo ver nas Novas Comunidades os vários estados de vida: famílias novas, sacerdotes novos, celibatários. Deus está gerando homens novos que querem dar suas vidas juntas testemunhando a esse mundo que Cristo está vivo, e que tocamos Jesus.

Sejamos a luz do carisma recebido, sem querer imitar ninguém, pois o carisma é único. Deus está gerando uma realidade nova para servir a Igreja esse carisma é para o bem da igreja. A comunidade só tem sentido se ela estiver embelezando a Igreja.


(Transcrição literal do site:http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?cod=169&pre=458&tit=Carisma%20de%20funda%E7%E3o%20das%20Novas%20Comunidades)
________________________________________________________________________

Se alguém quer me seguir renuncie a si mesmo


No evangelho deste domingo (18/08/2010) escutamos Jesus, que diz: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á.

O que significa «renunciar a si mesmo»? E mais, por que se deve negar a si mesmo? Conhecemos a indignação que suscitava no filósofo Nietzsche esta exigência do Evangelho. Começo respondendo com um exemplo. Durante a perseguição nazista, muitos trens carregados de judeus partiam de todas as partes da Europa para os campos de extermínio. Eram convencidos de embarcar por falsas promessas de serem levados para lugares melhores para o seu bem, enquanto que, ao contrário, eram levados para a destruição. Às vezes, acontecia que em alguma parada do comboio, alguém que sabia a verdade gritava às escondidas para os passageiros: Desçam, fujam. E alguns conseguiam.

O exemplo é um pouco forte, mas expressa algo sobre nossa situação. O trem da vida no qual viajamos vai para a morte. Sobre isso, ao menos, não há dúvida. Nosso eu natural, sendo mortal, está destinado a termianr. O que o Evangelho nos propõe quando nos exorta a renunciar a nós mesmos e a descer deste trem é subir no outro que conduz à vida. O trem que conduz à vida é a fé n'Ele, que disse: «Que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá».

Paulo havia realizado este «transbordar», e o descreve assim: «Já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim». Se assumimos o eu de Cristo, convertemo-nos em imortais, porque ele, ressuscitado da morte, não morre mais. Isso é o que significa as palavras que escutamos: «Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á». Portanto, está claro que negar-se a si mesmo não é uma operação autolesionadora e renunciadora, mas o golpe de audácia mais inteligente que podemos realizar na vida.

Mas devemos fazer imediatamente uma precisão: Jesus não nos pede para renegar o «que somos», mas «aquilo no que nos convertemos». Nós somos imagem de Deus, somos, portanto, algo «muito bom», como disse Deus mesmo no momento de criar o homem e a mulher. O que temos que renegar não é o que Deus fez, mas o que nós fizemos, usando mal nossa liberdade. Em outras palavras, as tendências más, o pecado, todas essas coisas que são como incrustações posteriores superpostas ao original.

Há alguns anos, descobriram-se no fundo do mar, no mar Jônico, duas massas informes que tinham uma ligeira semelhança com corpos humanos e que estavam recobertas de incrustrações marinhas. Foram levadas à superfície e limpas pacientemente. Hoje são os famosos «Bronzes de Riace» (estátuas gregas de grande beleza, que representam dois homens, e que estão datadas no século V antes de Cristo, N. do T.) custodiados no museu de Reggio Calábria, e estão entre as esculturas mais admiradas da antiguidade.

São exemplos que nos ajudam a entender o aspecto positivo que há na proposta do Evangelho. Nós nos parecemos, no espírito, a essas estátuas antes de sua restauração. A bela imagem de Deus que deveríamos ser está recoberta de sete estratos que são os sete pecados capitais. Talvez seja conveniente trazê-los à memória: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. São Paulo chama esta imagem desfigurada de «imagem terrestre», em oposição à «imagem celeste», que é a semelhante a Cristo.

«Renunciar a si mesmo» não é portanto uma operação para a morte, mas para a vida, para a beleza e para a alegria. Consiste também em aprender a linguagem do verdadeiro amor. Imagine, dizia um grande filósofo do século passado, Kierkegaard, uma situação puramente humana. Dois jovens se amam. Mas pertencem a dois povos diversos e falam duas línguas completamente distintas. Se seu amor quer sobreviver e crescer, é necessário que um dos dois aprenda o idioma do outro. Caso contrário, não poderão comunicar-se e seu amor não durará.

Assim, comentava, sucede entre Deus e nós. Nós falamos a linguagem da carne, ele o do espírito; nós o do egoísmo, ele o do amor. Renunciar a si mesmo é aprender a língua de Deus para poder comunicar-nos com ele, mas é também aprender a língua que nos permite comunicar-nos entre nós. Não somos capazes de dizer «sim» ao outro, começando pelo próprio cônjuge, se não somos capazes de dizer «não» a nós mesmos. No âmbito do matrimônio, muitos problemas e fracassos do casal dependem de que o homem nunca se preocupou em aprender o modo de expressar o amor à mulher, e a mulher o do homem. Também quando fala de renunciar a si mesmo, o Evangelho, como pode ser visto, está muito menos afastado da vida do que as pessoas acreditam.



_________________________________________________________________________

A oração na comunidade Shalom

“A intimidade com Deus é o âmago da (nossa) vida comunitária” (ECCSh, 53). No interior da nossa Comunidade, recebemos o chamado a “desfrutar desta intimidade com Ele, em profundidade e intensidade” (ECCSh, 55). Devemos estar atentos para compreender, mesmo com nossas limitações, o verdadeiro e simples conceito do que é oração, do que é ser um homem íntimo de Deus.

“Oração é um tratado de amizade”, define Santa Teresa de Ávila, uma grande mística, mestra da oração e Doutora da Igreja. Orar profundamente é ser amigo daquele que nos concedeu o sopro da vida.

No Antigo Testamento, Moisés destacou-se como o homem que falava com Deus, que era amigo de Deus. No Novo Testamento, esse título encontra no apóstolo João sua melhor identidade. Ele, o discípulo amado pelo Amor, “humanizou”, trouxe à nossa realidade cotidiana esse trato de amizade com o Redentor.

João acolheu, de forma única, o amor de Cristo. Não por entendimentos precisos da divindade do Messias, mas por ter em Jesus um amigo, e amá-lo de forma livre, sincera, sem necessidade de teorias ou explicações.

É interessante notar que a todos os apóstolos Jesus concedeu uma missão específica: a Pedro, “o pescador de homens”, foram confiadas as chaves da Igreja; a Paulo, o convertido perseguidor, foi confiada a missão de evangelizar diversos povos; até o traidor, Judas Iscariotes, teve um serviço, um “múnus” próprio: era responsável pelas finanças dos doze... A João, o discípulo amado, foi confiada a intimidade do Coração do Senhor. Ele reclinava a cabeça sobre o peito dele e ouvia as batidas daquele “sacro” coração.

Desde o início, teve o desejo de conhecer a “morada do mestre” (cf. Jo 1,38-39). Buscou estabelecer com Ele uma relação de intimidade e tornou-se amigo do Senhor; amigo que pôde “compartilhar” vários, e particularmente de dois momentos especialíssimos na vida do Verbo de Deus: a Transfiguração e a Crucificação.

Jesus mostrou-se a João nas duas faces de sua glória: no Tabor, o amigo contemplou a realeza e a divindade do Filho do Altíssimo; no Gólgota, viu aquele coração tão conhecido, tão familiar ser traspassado; viu o nascimento da Igreja, viu a plenitude do amor que nos redime e recebeu em sua casa a própria mãe de Jesus! A quem, senão ao mais íntimo dos amigos, confiaria a própria mãe...

“À medida que perseverarmos e progredirmos na intimidade com Deus, sua presença será constante em todas as nossas atividades, por mais exigentes que sejam” (ECCSh, 56). Com certeza, João passou por inúmeras dificuldades durante o desenrolar da sua vida dedicada ao cumprimento da Vontade de Deus, principalmente depois da Ascensão de Jesus, quando não mais podia ter a presença física dele constantemente perto de si. Porém, uma vez amigo do Senhor, essa presença, no Espírito, existiria para sempre.

Determinemo-nos, portanto, a obter essa amizade com Deus; tanto nos alegres momentos do Tabor, como nos dolorosos tempos do Gólgota, livres dos nossos conceitos e preconceitos, de programações e esquemas. Façamos da nossa oração um encontro de duas verdades: de nossa parte, a fraca tentativa de viver a fidelidade ao Senhor; da parte dele, a verdade de amor e misericórdia. Se o Senhor, ao nos criar, fez-nos suas criaturas prediletas; pela Encarnação e vida humana, Ele quer nos tornar mais e mais unidos à sua Pessoa, pelo serviço, pela doação, pela oração... pela amizade!!!


por Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom ,
Revista Shalom Maná - Ed. Shalom



Fonte: http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=3128

Blog Shalom - Carmadélio

Noticias - Mundo

Publicidade e divulgação

Tempos Litúrgicos e festas

Tempos Litúrgicos e festas

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails

Canção Nova FM

Labels

namoro Bento XVI juventude amor amar Sexo Deus JMJ 2008 Formação Vídeo Amizade Jovens evangelizar internet Eleições InFORMAÇÃO Notícias Partilha Pessoal Santos oração relacionamentos Amizade com Deus Clipe Jovem Quaresma Radicais castidade mulher sexualidade Bíblia Eucaristia Homossexualidade Igreja JMJ 2011 Jesus Paz Pornografia Rádio Radical felicidade ficar homem homossexualismo namorar pecado radical santidade vontade de Deus voz de Deus Ano novo Beato João Paulo II Comportamento Cristãos Curiosidade Espírito Santo Futuro Missionariedade Novidades do Blog Palestras em Vídeo Páscoa Reflexão Relacionamento com Deus Rezar Vocação amigos ato sexual chamado chat coração desânimo dicas erótico jejum limites matrimônio música ouvir paixão reconciliação saudade sentido ser católico tecnologia testemunho vontade 1 ano 1º de Janeiro de 2011 AIDS Advento Alegria Arte Bate-papo Beatos Blogueiros Confissão Cristo Decepção Dependência Dia dos Namorados Divirta-se Drogas Encíclica Evangelho Evangelho em Cordel Feliz Natal Guias Humor Jornada Liturgia Maria Mensagem Mensagem de Páscoa Mentira Moysés Azevedo Natal Natal 2008 Nome Onomástico Para saber Perdoar Prof. Felipe Aquino Práticas de Jejum Razão Religiosidade Revolução Jesus 2011 Rosa de Saron Sacramento Santa Teresa de Jesus Santa Teresinha Semana Santa Sempre Jovem Velhice Futuo Solidão Tempo Tempo Litírgico Tentação Tríduo Pascal Verdade Virgindade aba afetividade anel de compromisso anunciadores apego aprender atual beleza bendizer camisinha celebração celular construir derrota diferente encontro entender erros escolha espaço eterno história homilia inimigo livre memória missão moda mudança ouvidos palavras pecados capitais pessoas preconceito preservativos promiscuidade próximo pureza quem sou eu radicalidade evangélica reconhecimento de si reportagem rock santificar sensualidade silêncio sofrimento talentos temor transar valor valores vencer virtude vitória